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Leonardo Sciascia queria saber a verdade

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  Por Rafael Gamucio   Leonardo Sciascia. Foto: Angelo Pitroni O tempo se confunde nas ilhas. As civilizações chegam por meio de naufrágios, as mudanças no ritmo das ondas. Assim, na Sicília o século XX teve seu maior expoente bem entrado no século XVIII. A ética e, portanto, a estética de Sciascia ― autor de nada menos que uma versão siciliana do Candido de Voltaire ― é a do século das luzes. Sua paixão por Stendhal, ao qual devotou uma infinidade de artigos e um livro inteiro de ensaios, origina-se de sua ancoragem comum naquele mundo mais feliz e menos temeroso, o de Diderot, Voltaire e Sterne. Um mundo em que o leitor era cúmplice e em que o humor era uma arma de combate. Um mundo que acreditou justamente na possibilidade de se compreender. A psicologia e a melancolia nunca interessaram muito a Sciascia, autor de romances cada vez mais breves, mas cada vez mais complexos. O que importava para Sciascia era a clareza, a geometria da trama e como esta poderia de alguma forma reflet