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O morto atrasado para o enterro: sobre um conto de Sigismund Krzyzanowski

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Por Joaquim Serra “É sempre a mesma coisa: primeiro você visita os amigos, depois – quando os cortejos fúnebres os levam – você visita seus túmulos.” É assim que o narrador de “A décima terceira categoria da razão” começa sua história. E é em uma das visitas do narrador ao cemitério que ele encontra um velho coveiro a quem dará voz. Mais a frente, explica ele que o tal coveiro já não pertencia a nenhuma das doze categorias da razão de Kant, mas sim à décima terceira, “uma espécie de alpendre lógico, mais ou menos apoiado no pensamento objetivamente obrigatório.” Para conquistar o acesso à tal categoria, o narrador dá ao velho um cigarro que o faz soltar a língua explicando as diversas pousadas para os mortos. Quando fala do canto dos oradores o coveiro começa a confirmar aquilo que dizem sobre ele: “os oradores, é sabido, assim que escurece, começam a falar todos ao mesmo tempo. Às vezes você passa perto do canto deles e escuta uns cochichos de dentro da terra. É melhor