Aparições e desaparições de Felisberto Hernández
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm5sUDy9jU8NzBE0Y9IkGiZ4QP-XKLWdudfwfpb_E3hU9_TpE2f3OZOnNNsE__7kypKNXFQdDEAO3GTbo3T0zI6Cw1gchRr3EpsS8rCh7rMFZTl5G4rbn-lcy4akSK6HG7I90FN6k97wpdi5xCfU6E-MXuZVNKVvDKa7L82zIaicofyAC6u0sV5es/s16000/714740.png)
Por Marcos Abal Tenho intenções modestas. A casa está silenciosa e o sol finalmente nasceu. Suponho que lá fora o asfalto deslumbra como um espelho e nas sarjetas pingam algumas gotas frias e gordas que muito ocasionalmente se escorrem entre a camisa e as costas de uma criança. Peguei o Dicionário de Autores Latino-Americanos de César Aira. Folheio-o, como se folheia o arquivo de uma instituição psiquiátrica. É uma edição argentina (editada por Emecé e Ada Korn Editora). Antes de me presentearem pensei que seria um dicionário abertamente subjetivo, dentro da sobriedade de tom característica de Aira e, claro, sem atingir a parcialidade belicosa de um Umbral revisando autores. Esse “Azorín escreve covardemente”, por exemplo, antológico, caprichoso, bastante tolo. O dicionário de Aira é mais ou menos rigoroso, ou pretende ser, e centra-se principalmente em autores desconhecidos e esquecidos do passado. O dicionário é ordem, uma criança obediente que sabe sua lição; os autores e seus tí