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Mostrando postagens de março 1, 2021

Literatura e história: entremeios

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  Por Guilherme Mazzafera Ilustração: Martin Jarry. A suposta concretude e acessibilidade dos meios históricos, estes contextos dos textos examinados por estudiosos da literatura, são elas próprias produtos da capacidade fictícia dos historiadores que estudaram estes contextos. Os documentos históricos não são menos opacos do que os textos estudados pelo crítico literário. O real, na ficção, é sempre uma questão de crença – cabe a nós como leitores validar e confirmar. É uma crença que nos é exigida e que podemos recusar a qualquer momento.  A ficção se desloca na sombra da dúvida, sabe que é uma mentira verdadeira, sabe que a qualquer momento os seus argumentos podem falhar. A ficção é um sucedâneo transitório da vida. O regresso à realidade é sempre um empobrecimento brutal: a comprovação de que somos menos do que sonhamos. Entender, tal como ver, é captar isto sempre em relação àquilo. Navegamos por meio da acumulação de experiências, mas nossa jornada pode estagnar devido a nosso