“Som da liberdade”, o filme de extrema direita que nos convida a perguntar o que é a propaganda
Por Alonso Díaz de la Vega Há algumas semanas, o romancista Juan Pablo Villalobos tuitou que Oppenheimer (2023) é uma peça de propaganda política estadunidense por atingir seu clímax no primeiro teste da bomba atômica, e não na destruição de Hiroshima e Nagasaki. Além de ser outro argumento a favor da pornografia da violência — muitos progressistas insistiram que era melhor assistir ao massacre para moralizar, em vez de evitar a sua espetacularização —, a posição assume que toda representação politizada é propaganda. É claro que o filme se filia à ideologia libertária de seu diretor, Christopher Nolan, obcecado em livrar o gênio homônimo. Claramente, seu objetivo ao mostrar J. Robert Oppenheimer usado e perseguido é nos dizer que se ele pudesse ter inventado num mundo onde a ciência não dependesse do poder político, ele teria contribuído muito, em vez de ter sido cúmplice do extermínio. Será que esta conclusão, e especificamente uma das raras decisões éticas de Nolan, faz de Oppenheim...