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Mostrando postagens de setembro 14, 2020

Mario Benedetti, o escritor das classes médias

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Por Danubio Torres Fierro   Duas características definiram Mario Benedetti (1920-2009). A primeira: foi um escritor de (e para) as classes médias. A segunda: foi um escritor marcado por um compromisso ideológico. As consequências de tais características também foram duplas. Por um lado, sua difusão entre um público sociologicamente enraizado nos setores nos quais se localizam as donas-de-casa, os profissionais “liberais” (dentistas, escrivães, burocratas), alunos de ensino médio, talvez um atleta e também certos revolucionários sentimentais. Por outro lado, seu espírito literário sucumbiu a uma prosa catequética e a uma eficácia emotiva superficial que afastou a reflexão crítica e abriu caminho para um sistema de cumplicidades.   Batizar Benedetti, como foi feito e continua se fazendo, como escritor popular, é mais uma imprecisão destes tempos imprecisos. Desde seus primeiros contos e poemas, surgidos nos anos cinquenta, almejou (e optou) retratar a arqueologia de algumas classes média