“Destino”, de Ryunosuke Akutagawa
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Por André Cupone Gatti e Guilherme de Almeida Gesso Nenhuma frase resume tão expressivamente a persona artística de Ryunosuke Akutagawa quanto aquela de sua própria pena, escrita alguns meses antes de se suicidar, em janeiro de 1927: “Não tenho consciência de qualquer espécie, nem mesmo artística. Sensibilidade é tudo o que tenho.” Inegavelmente, a prosa de Akutagawa nasce do sensível e jamais o perde de vista. Esse contista japonês, considerado o maior de seu país no século XX, no entanto, acabou por construir narrativas com possibilidades interpretativas tais, que nos soa estranho aceitar unicamente a sensibilidade como fonte da sua criação ficcional. Retórica à parte, Akutagawa, para além da sua maneira “à flor da pele” de criar, narrando o pasmo das superfícies, desenvolveu, em grande parte dos seus contos históricos, uma curiosa e discreta tensão entre as cores absolutas da tradição fabular e a coloração gradiente da modernidade. Foi o conto “Rashomon”, publicado em 1915, o p