Desonra, de J. M. Coetzee
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Por Pedro Fernandes É recorrente entre os leitores de J. M. Coetzee que uma de suas principais frentes criativas reside em revelar a complexidade étnica-social de seu país natal com o acurado interesse de alguém em distanciamento mas incapaz de negar os estreitamentos da pertença. É possível que este conceito seja derivado de Desonra uma vez ser este o romance do escritor sul-africano mais provocativo nesse sentido, principalmente se atentarmos para as implicaturas entre campo e cidade, ou mesmo certa dificuldade entre as leis pessoais e o estamento jurídico herdado, como se sabe, dos modelos ocidentais. Nele repousa a síntese de perfeita e radical impotência do sujeito, capaz de nos colocar entregue a certo fatalismo do fim, com todas as características do ocaso, a ruína, a perdição, a usura, a penúria, o opróbrio, a injustiça, marcas que transformam o futuro numa impossibilidade, o recomeço numa utopia inviável. Isso significa que este lugar forjado pelo romancista não é exclusi