A atualidade da tragédia grega
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYAJTDAncnHSmnudv6Nuk_1CClyX0U-A_CcAdeLWaY7Tm3A9Hrgm5slMwgmS5Bb_9sLV6G_ygYABQCu7aR9kR63nQrOXJF_37NoCXYmhDhStqFBU-pPC80yLe_dE8As5HERUpqlkueBA/s1600/Sem+t%25C3%25ADtulo.png)
Por Carlos García Gual e Aurora Luque As melhores tragédias gregas, como escreveu Aristóteles, tratam de crimes em família. Um jovem que mata seu pai e se casa com a mãe e desse modo chega a ser rei; uma mãe que para vingar-se do marido que a abandona assassina seus dois filhos; um rei que condena à morte sua sobrinha porque ela quis derrubar seu irmão, são alguns bons exemplos. Os estragos contra esse laço afetivo que os gregos chamavam philía e consideravam a base de uma existência digna e feliz produziam sempre uma comoção profunda no público ateniense. As narrativas encenadas suscitavam compaixão e espanto ( éleos e phóbos ) por empatia com a catástrofe sofrida pelos protagonistas do drama. E, por sua vez, certa purificação emotiva ( káthasis ). Édipo, Antígona, Medeia, nomes ressoantes de figuras gloriosas de relatos míticos, no teatro de Dionísio da democrática Atenas, renovam seu sentido. A mitologia provê a matéria, mas o dramaturgo dá uma nova forma aos arcaico