O rosto na cidade
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1KjMNNOfsy3blhwivwKkVJ8xwi1ZNTndCxgsZnzfuwtEj2aSm8S8W_pwOycIDXYdGhhnujL3QbKT1iscQ1XORlmficZ0BdFavKG32RNoHy2MTgDM84GbSFteQyNe9LLeMjXC5_XIxq38dsgkyxAnQS2be98jeU9e_L8frlAikCPqMEQCPPCxkIvEqPg/s16000/GR-Nadar.png)
Por Liliana Muñoz Georges Rodenbach. Foto: Felix Nadar Não hesitaria em qualificar Bruges, a morta , de Georges Rodenbach (Tournai, Bélgica, 1855-Paris, 1898), como um romance que é perfeito. Já na altura da sua publicação, em 1892, despertou o interesse da crítica: foi o primeiro romance em que tanto o texto como a imagem — neste caso, as fotografias da sofrida Bruges — desempenharam um papel primordial. Contudo, o seu mérito não reside nos aspectos meramente formais, mas em outras questões que considero essenciais discutir neste texto: a forma como o significado se aproxima e nos escapa, a forma como os significantes dialogam entre si, se entrelaçam, desdizem, comovem e nos falam de um romance plural, no sentido barthesiano do termo. Assim, a cidade, as vozes, os sinos, a imagem da mulher, o amor-paixão ou a morte são veículos para nos falar de outra coisa, para nos aproximar, como diria Borges, da iminência de uma revelação que não se produz. 1 Aproximar-se de Bruges, a morta