Morreste-me, de José Luís Peixoto
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Por Pedro Fernandes Todos carregamos desde a expulsão do homem do paraíso a dor do luto. Ao compreender esse gesto do mito fundacional da colônia humana como uma perda da eternidade e a necessidade de convivência com o fim, a queda da criatura perante o Criador é situação da qual nunca nos recuperamos. Até hoje o que fizemos tem sido desprezar o fim e viver com se a vida fosse uma eternidade; a consciência da finitude só se abre quando atravessamos a possibilidade da morte ou quando nos aproximamos da velhice. Mas, a vida, fora dessas condições é, desde sempre, não mais que um estranho amontoado de perdas. E as perdas não se findam a deixarmos de viver ou à morte dos entes queridos; também perdemos coisas pelas quais guardamos afetividades e cujo vazio deixado é capaz de nos produzir sismos tão fortes quanto a dor do luto. Mas, é bem provável que, a perda das coisas seja tragada pelo esquecimento, enquanto a dor da perda de uma figura muito querida torne-se uma marca i