Salman Rushdie e a arte do romance
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Por Daniel Gascón Salman Rushdie. Foto: Franck Ferville. Existe um tipo de escritor que parece gerar uma realidade particular: a sua vida é quase o seu romance. Não é fácil: é necessária força literária, mas não é suficiente. Tampouco é necessariamente feliz e, na verdade, quase nunca é. Um exemplo é Michel Houellebecq: poderíamos imaginar outro romancista que grava um filme pornô (após assinar um contrato), se arrepende, entra com uma ação judicial e declara que se sente uma mulher violentada? Outro é Salman Rushdie: a fatwa , a perseguição, sua vida e ataque que sofreu misturam literatura e história, descolonização e globalização, reviravoltas improváveis e fatalidade, o pós-moderno e o medieval, uma realidade que não exclui o incrível e o fanatismo religioso: alguns dos temas centrais de seus romances. Em agosto de 2022, o escritor quase foi assassinado em Nova York e, nos últimos meses, dois de seus livros foram publicados entre os leitores de língua portuguesa.¹ O primeiro,