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Arapucas machadianas. Da barbárie à violência asséptica

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Por Guilherme de Almeida Gesso     Ilustração para Memórias póstumas de Brás Cubas . Mariana Rio.                 Se sobre os olhos de Capitu já foi dito serem “oblíquos e dissimulados”, não será exagero aplicar os mesmos adjetivos ao estilo machadiano, deliberadamente arquitetado para engolfar o leitor desatento numa armadilha macabra. De sobreaviso e com o “pé-atrás”, buscaremos neste ensaio comparar os expedientes dos narradores Brás Cubas e Bento Santiago, levando em consideração os artifícios enganadores de que lançam mão nos respectivos romances que compõem. Em primeiro lugar, traçaremos relações entre a infância desses personagens e as posturas narrativas que ulteriormente adotam, demonstrando que, de fato, “o menino é o pai do homem”; depois, cotejaremos os procedimentos para que fique evidente o quão perigosa é a urdidura de Dom Casmurro, a tal ponto engenhosa que torna os arroubos das Memórias Póstumas um jogo pueril, visto retrospectivamente como a mera pré-história do engan