Teoria e prática nas Anotações de um jovem médico, de Mikhail Bulgákov
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Por Joaquim Serra Um médico recém-formado, de vinte e quatro anos, é enviado a um povoado distante de Moscou. Ao chegar, conhece a equipe de trabalho, que não esconde o espanto diante daquele noviço que assumiria o lugar do experiente Leopoldo Leopôldovitch. Encabulado, tentando fugir dos olhares que o cercam, ouvimos seus pensamentos; talvez devesse, mesmo sem problema algum nos olhos, colocar óculos sobre o nariz, ou assumir alguma postura física para impor respeito — já que a gravidade é um mistério do corpo, como diz a fórmula machadiana para um medalhão. Em termos técnicos, desamparado o jovem não está: “até que vocês têm um equipamento decente”, diz o jovem, “tudo graças aos esforços do seu antecessor, Leopoldo Leopôldovitch. Ele operava literalmente desde a manhã até a noite” (p. 22). Mikhail Bulgákov, ao escrever suas Anotações de um jovem médico nos moldes do que hoje poderíamos chamar de autoficção, sequer muda o nome do seu antecessor, como nos diz o prefácio de Érika Bat