Entre facas, algodão, de João Almino
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Por Pedro Fernandes O passado é uma ilusão que não volta mais. Tivéssemos esta certeza e não persistiríamos em remoê-lo com a melhor das intenções – a de encontrarmo-nos outra vez ante alguma felicidade que no presente não possuímos e por isso a imaginação e a memória, suspeitamente, fabulam o vivido com a mais envolvente das atmosferas. Tivesse esta certeza e o narrador das histórias de Entre facas, algodão não empreenderia o projeto de sua obsessão: deixar Taguatinga, onde já criou raízes e voltar para a fazenda onde viveu sua infância. Ainda assim não podemos condená-lo por uma ideia gorada desde sua concepção. Não fosse a atitude cética do narrador e uma certeza de que a decisão projetada realmente possa significar outra possibilidade para sua vida este romance não existiria. A dúvida e a ação são não apenas condutores dessa narrativa, são pedras de sua fundação. E, claro, não podemos acusar este narrador de apenas se deixar conduzir pelo falso sentimento que