A Palavra, de Carl Theodor Dreyer
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Por Solange Peirão Para quem assiste ao filme do dinamarquês Carl Theodor Dreyer, e tem alguma aproximação, seja por interesse intelectual ou por opção religiosa, com o Evangelho Segundo São João, lembra de imediato dos termos de abertura: “no princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus”. Verbo ou Palavra, expressões que remetem, ao mesmo tempo, à potência criadora de Deus e à divindade de Cristo, o Verbo encarnado. Particularmente, acredito que esse partido estava mais presente para o cineasta, ao intitular esse belo A Palavra , do que uma possível referência ao que é discursivo. À potência criadora do discurso, sim, mas na perspectiva teológica que o evangelista anuncia. Basta nos debruçarmos sobre o filme para confirmar essa suspeita. Trata-se, aqui, de uma comunidade, em reflexão e questionamento ferrenhos sobre a doutrina cristã e a instituição que lhe dá suporte. A família que centraliza a ação é a do fazendeiro, o velho patriarca Morten Borgen. Seus