O mar, o mar, de Iris Murdoch
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVM6yqaIY_AhWlAxNN9CWc_qUp9NYlXvSVgk-jqKDowRdxskL1RlecVfw871Y8cVrYwU9yH4tU1XUqDrEa-WeLSLROKK2nrZP39Sbsc9m8EeO9S55pzAwf9DIPVRTHkVs6dnaPoXzJtGU/s1600/Iris-Murdoch.png)
Por Pedro Fernandes “Se existe um tormento mental inútil maior do que o do ciúme, este é, talvez, o remorso. Mesmo os sofrimentos de uma perda podem ser menos dolorosos; e, naturalmente, essas duas agonias se aliam, como agora acontecia comigo. Digo remorso, não arrependimento. Creio que nunca senti arrependimento de forma pura; talvez ele não exista em forma pura. O remorso implica a culpa, uma culpa sem remédio nem esperança, para cuja lancinante mordida não há cura.” A constatação de Charles Arrowby – o narrador de O mar, o mar – pode muito bem servir de síntese para a longa narrativa que nasce no intuito de ser um livro de memórias e finda no que ele próprio designa, num dos vários arroubos metaficcionais, como uma novelesca autobiografia . Ciente da falibilidade das formas literárias e mesmo da inexistência de uma que assim possa designar sua escrita, poderíamos pensar na obra imaginada por essa personagem como um projeto fadado ao fracasso, como aliás, parece