Seis poemas de Adam Zagajewski
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Por Pedro Belo Clara Adam Zagajewski. Foto: Tomasz Wiech NÃO DEIXES QUE O LÚCIDO MOMENTO SE DISSOLVA Não deixes que o lúcido momento se dissolva Que o radiante pensamento perdure na quietude embora a página esteja quase cheia e a chama trémula Não atingimos ainda o nível de nós próprios O conhecimento cresce lentamente como um dente do siso A estatura de um homem tem ainda uma incisura lá no alto numa porta branca De longe chega a voz alegre de um trompete e uma canção enrolada como um gato O que passa não cai no vazio Um fogueiro alimenta com carvão o fogo Não deixes que o lúcido momento se dissolva numa substância dura e seca Tens a obrigação de gravar a verdade NA BELEZA CRIADA PELOS OUTROS Só na beleza criada pelos outros existe consolação, na música e nos poemas dos outros Só os outros nos podem salvar, mesmo que a solidão tenha o sabor do ópio. Não são o inferno, os outros, se os espreitarmos de manhã, quando têm a testa limpa, lavada pelos sonhos. Por isso cismo mui