Zico, Zeffirelli e a energia abandonada
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Por Antonio Callado Está bem arraigada no espírito da gente a ideia de que permitimos que se separasse, em nossa cultura, o físico do espiritual. A imagem que nos obceca – aparentada à do paraíso perdido ou a de alguma fazenda em que tenhamos passado a infância – é a das antigas olimpíadas, em que a poesia e os cânticos se misturavam às competições. Sófocles, como lutador, era muito bom no ringue. E era dançarino. Liderou em 480 a.C. o coro que celebrou a vitória de Atenas contra os persas. Era então um jovem atleta. Desfilou pelado. No entanto, reconhecidas as diferenças, surge uma suspeita. A de que se os intelectuais e artistas perderam, por preguiça, contato com o mundo dos músculos e do esforço físico, os atletas continuam ligados ao mundo da emoção e do esforço mental, mesmo em pleno reino do profissionalismo. Vejam o futebol. As imagens da Copa estão ainda com a gente. Tanto as equipes modestas – a de Honduras, por exemplo, ou a dos Camarões, – como as da Fr