José Gorostiza para o novo século
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Por Luis Bugarini A poesia é um bem social que se materializa quando os versos entram em contato com o leitor. Nos registros poéticos mais felizes, nos marcos distinguíveis à primeira vista na profusa história da criação literária — digamos, as obras de Ausiàs March ou Du Fu —, o instante poético é uma operação de inteligência e não uma mera manifestação emocional de seu autor, o que requer uma ação idêntica para se comunicar com seus potenciais destinatários. 1 Luz e poesia Na leitura da poesia mais elevada, duas inteligências se olham para falar a partir de uma distância fora do tempo, independentemente de o poeta estar morto há quinhentos anos ou ter apenas vinte anos. Essa operação encontra-se hoje em crise. Tudo se opõe à leitura e pior ainda se for aquela que exige amor ao detalhe. O tempo vigente exige habilidades para se concentrar e abandonar as intermináveis preocupações e distrações da vida ultramoderna: chame-se dispositivos eletrônicos com qualquer oferta imagi