Jornais e romances: um caso aberto
Por Juan Luis Cebrián Foi Nélia Piñon quem, durante um debate em Buenos Aires sobre a grande confusão entre ficção e realidade, confessou seu interesse por averiguar as implicações literárias da pós-verdade. As fronteiras entre o romance e o jornalismo parecem muitas vezes confusas e pelo menos desde Charles Dickens aos nossos dias foram dinamitadas em numerosas ocasiões. A partir desse ponto de vista poderia admitir-se inclusive que as pós-verdades que inundam agora o meio ambiente contribuem para a qualidade da literatura tanto ou mais que a destruição da opinião pública numa democracia. E direi depois a assertiva de que a meu ver não estamos falando apenas de notícias falsas, mas sobretudo de verdades subjetivas; isto é, aquelas sobre as quais se acredita tanto que sempre são invocadas como se as escutássemos. Dois livros assinados por dois grandes escritores que também foram jornalistas profissionais são atuais na polêmica em torno destas questões e nos d...