Observando fotografias: J.R.R. Tolkien: uma biografia, de Humphrey Carpenter
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Por Guilherme Mazzafera Sob o risco do autoplágio, que evito com uma sutil permuta, afirmo: nada é mais ficcional do que uma biografia, exceto a biografia oficial. O exercício biográfico é perigoso por sua ânsia explicativa, em especial pelo desejo muitas vezes obtuso de construir os liames causais entre vida e obra. Um poeta sagaz como W.H. Auden adverte com clareza sobre os riscos de tal empresa: “Um escritor é um criador, não um homem de ação. Em verdade, algumas e, em certo sentido, todas as suas obras são transmutações de experiências pessoais, mas nenhum conhecimento dos ingredientes crus explicará o sabor peculiar dos pratos verbais que ele convida o público a provar: sua vida privada não diz, nem deveria dizer respeito a ninguém a não ser ele mesmo, sua família e seus amigos.” 1 A opinião de Auden era tão inflamada que ele dizia ser melhor que os autores publicassem suas obras anonimamente, o que obrigaria os leitores a se concentrarem no que interessa: o texto.