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Mostrando postagens de fevereiro 10, 2017

Notas sobre A redoma de vidro

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Por Rafael Kafka Sylvia Plath. Ontario, 1959. Achei que aquele era o tipo de droga que só um homem podia ter inventado. Ali estava uma mulher passando por um grande tormento, que não gemeria daquele jeito se não tivesse obviamente sentindo cada espasmo de dor, e voltaria para casa e faria outro bebê porque a droga a faria esquecer de como a dor tinha sido terrível - tudo isso enquanto, numa parte secreta do seu corpo, aquele corredor de aflição continuaria à sua espera, longo, escuro, sem portas nem janelas, pronto para abrir-se e devorá-la mais uma vez. (Sylvia Plath, A redoma de vidro ) Percebe-se que no romance de 1961, Plath já tornaria presente alguns debates hoje muito fortes nos ciclos que defendem os direitos das mulheres, em especial os ligados à concepção. A sociedade se encontra em plena revolução sexual, mas o papel feminino ainda é bastante preso ao da concepção. O que fica evidenciado nesse trecho é o terror da personagem central, Esther, diante do absurdo