Poesia, saudade da prosa, de Manuel António Pina (Parte II)
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Por Pedro Belo Clara Um dos aspectos mais originais e extraordinários que no trabalho poético de Manuel António Pina se poderá apreciar é a projecção do “eu”. Este “self”, digamos assim, que se apresenta e de si mesmo se descola, é plasmado na realidade que o envolve. Temos então o íntimo pessoal transposto no outro, sendo ele – o outro – nada mais do que o íntimo que se transpôs. Este exercício é deveras curioso, logo pela diversidade de resultados que pode apresentar. Por exemplo: o “eu”, ao plasmar-se no outro que vê, perde a noção de individualidade e se acha como parte de algo ainda incógnito. Ao fazê-lo e senti-lo, contudo, deixa de ser aquilo que julgava ser. Será ele, agora, o outro? Sendo o outro, como pôde ser ele? E como pode ser outro se sempre foi ele? As fronteiras são ténues... Além desta nebulosa troca de identidades, pode surgir a revelação: ele e o outro, se apresentam tão esbatidos contornos, não poderão ser uma coisa só? A ideia de um certo “todo” fo