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Mostrando postagens de outubro 21, 2021

Teatro, de Bernardo Carvalho

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Por Pedro Fernandes Bernardo Carvalho. Foto: Edilson Dantas O pensamento e toda a formação de nossa civilização ocidental apresentam-se articulados sob o signo de uma dicotomia que dispensa as continuidades entre as formas pela cisão. Em parte, isso nos serviu compreendermos sobre os organismos e seus sistemas, do mais simples ao mais complexo, e disso engendrarmos outros modelos que estabelecem alguma ordem no funcionamento da coletividade. Por outro lado, a dissociação está na base das crises que enfrentamos enquanto sistema e, desde o advento da psicanálise, como indivíduos. A essa altura, sabemos — se não, ao menos desconfiamos — que a dicotomia distintiva é ela própria a crise, o que ao longo da nossa história cobrimos com remendos capazes de disfarçar suas cisuras, não sem uma dose de força e barbárie.   Desde o começo da sua literatura, Bernardo Carvalho parece consciente disso e poderíamos designar como o seu principal interesse os impasses estabelecidos no conflito entre polo