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Cecília Meireles: transcendência, musicalidade e transparência

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Por Neiva Dutra Cecília Meireles em Ouro Preto. Mário de Andrade, referindo-se a Cecília Meireles, disse que ela passou – não necessariamente incólume –  pelas diversas experiências do Modernismo, mas com uma resistência firme a qualquer tipo de adesão passiva. Esta serenidade com que sua sensibilidade se moveu talvez explique a sobrevivência do pós-romantismo (muito mais simbolista que parnasiano) de sua poesia. Esta poesia, que não se enquadra nos movimentos literários pelos quais transcorreu, conserva o culto às abstrações e à beleza incorpórea, uma profunda e refinada visão da vida, os efeitos musicais e pictóricos da palavra. Propõe uma nova forma de espiritualidade, com um desapego expresso na intuição de uma realidade que transcende o afastamento, tendendo a enunciar sempre uma verdade que apenas pode ser expressada através do que não é, inclinando-se a desestabilizar os mecanismos pelos quais se compreende o sagrado. Essa forma de arte poética, baseada no d