Futebol ao sol e à sombra
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijYg1IN8OrNxOMHryubdmxG1sFbpp4jIfre_v4LXjOlhATzprPxDEXXi95aCwgbrJHrec7c7wGWtPkjNOoeAtFK2Avqh96th6uuqoH2TCD8OIw3VVIvVJLI2bwZwl3lqnkbBiPy6O2YQU/s1600/33.jpg)
Por Eduardo Galeano Os negros Em 1916, no primeiro campeonato sul-americano, o Uruguai goleou o Chile por 4 a 0. No dia seguinte, a delegação chilena exigiu a anulação da partida, "porque o Uruguai escalou dois africanos". Eram os jogadores Isabelino Gradín e Juan Delgado. Gradín havia feito dois dos quatro gols. Bisneto de escravos, Gradín tinha nascido em Montevidéu. As pessoas se levantavam quando ele se lançava numa velocidade espantosa, dominando a pelota como quem caminha, e sem se deter evitava os adversários e arrematava na corrida. Tinha cara de santo e quando fazia cara de mau, ninguém acreditava. Juan Delgado, também bisneto de escravos, havia nascido em Florida, no interior do Uruguai. Delgado brilhava dançando nos carnavais e fazendo a bola dançar nos gramados. Enquanto jogava, conversava, e gozava os adversários. – Larga esse cacho – dizia, levantando a bola. E lançando-a dizia: – Sai fora, que lá vai areia. O Uruguai era,