O eu que não somos e o desejo que não conhecemos
Por Rafael Kafka Alexander Calder Decidi ler Lacan por questões de saúde mental. Optei há algumas semanas em iniciar o processo de análise para cuidar de algumas questões emocionais que muito me afligem há anos. Recomendado por um amigo, decidi tentar e ao mesmo tempo iniciei o seminário que fala da questão do eu dentro da teoria psicanalítica. A frase mais célebre desse texto é sem dúvida alguma simples e profunda: “o eu é o outro”. Temos a ilusão de vivermos em uma personalidade precisa e fechada em seus moldes cristalizados. Contemplamos nosso ser como um objeto que se apresenta a si como opaco, bem definido e nossa personalidade é um discurso que permeia cada uma de nossas ações. Nesse sentido, presos ao ideal cartesiano, separamos nossa percepção do eu do objeto contemplado e vivemos na paz nadificadora que reafirma que somos seres fechados vivos enquanto o outro está delimitado em todas as suas características determinadas. O caminho da liberdade, par...