Postagens

Mostrando postagens de fevereiro 24, 2017

Enclausurado, de Ian McEwan

Imagem
Por Javier Aparacio Maydeu Existem labirintos pelos quais dá gosto se perder. O que vem construindo Ian McEwan com conflitos morais transformados em frondosas ramagens é um deles. A casca de noz mencionada por Shakespeare em Hamlet (“Eu poderia viver recluso em uma casca de noz e me considerar rei do espaço infinito”) é o útero materno de onde um feto se sente efetivamente rei do espaço infinito da consciência e de onde exerce-se enquanto narrador desta história sombria de traição e falsidade sobre qual reluz com frequência os raios de sol do humor e os gestos com que McEwan ilumina seus extraordinários emaranhados éticos. Como em Hamlet , Claude assassina seu irmão, pai do protagonista; o feto narrador de Laurence Sterne vem-nos à mente e a melhor narrativa de Juan Marsé, Rabos de lagartixa , também; “manuscritos datilografados, lápis apontados, dois cinzeiros de vidro bem cheios, uma garrafa de uísque escocês, uma do suave single malte Tomintoul com dois dedos no fu