Ano da fome, de Aki Ollikainen
Por Sérgio Linard A pandemia de Covid-19, que ainda não acabou, ceifou, só no Brasil, mais de seiscentas mil vidas. Além dos números, pessoas com histórias, famílias, amores, subjetividades. Pessoas que amaram e que foram amadas perderam suas vidas por diversas circunstâncias, muitas delas geradas pela inaptidão daqueles que em anos posteriores foram escolhidos como representantes da vontade do povo. Uma lástima. Esta, como bem sabemos, não foi a primeira e nem terá sido, infelizmente, a última situação pandêmica vivida pelas sociedades humanas. Não me interessa aqui, neste texto, trazer à memória ou fazer um levantamento de todas elas; não é esta a intenção. Mas importa verdadeiramente lembrar que situações como essa que poderiam promover algum tipo de aprendizagem — ainda que pelo menos para melhor lidarmos com algo parecido — simplesmente não deixam nada além de dor como saldo. Olhamos para a história e vemos tudo se repetindo. É neste contexto de tragédia, bas...