Yorick, embaixador da morte
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguoSxvTHDhbUNi21dSCUyMwpjGdy5N6bppaig7ZirkXzt999dVDkglTpDefh1-5rh1k62m_v15tlg9R05S2CVYCygDKttzhQYnJf93HXcfYc8aV2aewFttSm3UuRl-fUCjsRxfnoPy0Q/s16000/hmlet.png)
Por Rafael Ruiz Pleguezuelos cena de Hamlet , adaptação cinematográfica da célebre peça de Shakespeare por Grigori Kozintsev Não nada que eu goste mais na literatura que sua capacidade em produzir mitos. E de todos os mais conhecidos (os moinhos de Dom Quixote e a loucura, Moby Dick e a ambição do homem, os círculos do inferno de Dante e o castigo justo por nossas vidas), nenhum me seduz mais que a caveira de Yorick, uma imagem capaz de resumir toda uma história da literatura. Quando uma obra é tão popular como Hamlet , no momento em que o público se senta no teatro não decide ver uma representação, mas uma atualização do mito . O espectador deseja, de uma maneira consciente ou inconsciente, que esse novo avatar do enredo responda à altura pela imagem idealizada que tem do texto. Como consequência, cada nova montagem da obra luta – desde há séculos, não esqueçamos – por se defender a si própria como projeto e ser capaz de estabelecer um diálogo satisfatório com a memóri