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Mostrando postagens de setembro, 2011

Os segredos da Senhora Wilde

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Por Eduardo Lago Oscar Wilde, Cyril e Constance Em 1879, ano em que deixou Oxford para iniciar a conquista da celebridade em Londres, Oscar Wilde conheceu numa festa uma jovem de boa família e rara beleza que se chamava Constance Lloyd. Casaram-se cinco anos depois, quando a cidade já havia se rendido ao talento do escritor irlandês, embora a moça de cabelo castanho, olhos cor de mel e rosto com traços pré-rafaelista havia sucumbido à primeira vista à ingenuidade e aos encantos do irresistível dândi. Fora de si, quando Oscar a pediu em casamento, Constance enviou ao seu irmão Otho um bilhete em que dizia: “Estou comprometida com Oscar Wilde e sou perfeita e enlouquecedoramente feliz”. Otho Lloyd pareceu não esperar pela notícia. “Se se tratasse de qualquer outro”, escreveu a um amigo, “não colocaria em dúvida que estava apaixonado por minha irmã”. O casamento foi um espetáculo à altura dos quadros cênicos que aparecem em suas comédias. Passaram a lua de mel em Paris. Em meio

Os versos do poeta João Negreiros

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Por Pedro Fernandes Um dos nomes escolhidos para a terceira edição do caderno-revista  7faces  que será lançada no próximo dia 30 de setembro é o do poeta português João Negreiros.   Ele é hoje um dos poetas mais premiados da cena literária portuguesa. E além do trabalho com poesia escrita, João une o material verbal a encenação teatral da palavra e, numa atitude, um tanto quanto inovadora, põe seus versos em órbita noutros universos, como a leva de vídeo-poemas  que vai, aos poucos, juntando na web .  Incorpora, logo, um entendimento de que a palavra deve romper as quatro linhas do papel e tomar formar em quaisquer espaços até se perder nas infinitas fronteiras dos bytes . Não vou mentir. Gosto desse trabalho. Ele é assim querido por mim porque estou também pensando naquilo que um conterrâneo português da literatura, o Nobel José Saramago, disse, não uma, mas reiteradas vezes, que a palavra escrita está adormecida e ao ser dita desperta, tem um poder outro que foge às suas própria

Chema Madoz, esvaziamento e reapropriação poética

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Por Pedro Fernandes O contato com a obra de Chema Madoz se deu ao acaso. O fotógrafo, um dos mais respeitados nomes em Espanha e com trabalhos editados e expostos em meio mundo, ainda é novidade a muitos olhares brasileiros. Eu, nunca fui entendedor de fotografia, mas os trabalhos de Chema me fizeram sair à cata de trabalhos de outros fotógrafos. Encontrei-me virtualmente com muitos que espero ter a chance de publicá-los em trabalhos posteriores que eu venha editar. Agora, voltando ao contato primitivo com a obra de Chema. Ele se deu quando eu estava à cata de imagens que pudesse ilustrar o conjunto de dois ensaios que saem agora na 3.ª edição do caderno-revista  7faces . Depois da primeira fotografia, dei com uma quantidade de imagens que, dialogavam, plenamente com aquilo que discutia os dois ensaios em questão. A única atitude que tive foi a de, usando meu portunhol, entrar em contato com o fotógrafo espanhol a fim de pedir o uso de pelo menos dez dos seus trabalhos.

Movimento Literário Novos Poetas

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O escritor Mário Gerson, idealizador do Movimento Novos Poetas. A ideia surgiu nas páginas do jornal onde edita seu semanário Expressão , ganhou a web e galga, agora, novos caminhos. Foto do blogue Movimento Literário Novos Poetas. Sempre me deparo na web com ideias que valem a pena passar adiante. A mais recente descoberta que fiz - e foi descoberta mesmo que, admito, não costumo muito acompanhar os jornais mossoroenses - foi de um movimento preconizado pelo poeta, contista, romancista e jornalista Mário Gerson.  Mário é já figura carimbada da literatura potiguar e tem uma vasta produção que começa nos porões do jornal Gazeta do Oeste , onde mantém um caderno semanal e logo cuida com certo esmero da parte artística e cultural do diário. A ideia agora fomentada por ele merece destaque porque desponta uma face desconhecida do escritor. Digo desconhecida porque o único momento que dei com Mário agitador cultural foi nas edições da feira do livro de Mossoró. No mais, s

O inédito de Márcio de Lima Dantas

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Por Pedro Fernandes Foi quando estava editando o material para a 3.ª edição do caderno-revista  7faces  que surgiu a ideia. Tinha à minha frente uma quantidade significativa de materiais do professor, poeta, crítico e ensaísta Márcio de Lima Dantas.   Márcio é desses sujeitos que, apesar de viver numa Academia – afinal é professor na cadeira de Literatura Portuguesa na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – ainda não se deixou contaminar com os bolores institucionais. E duvido que um dia fará isso. Não tenho muito contato com ele, mas dos momentos em que pude conversar pessoalmente, me deixou claro que é um sujeito de posições muito acabadas, justas e, sobretudo, lúcidas acerca do seu trabalho e da sua função enquanto homem de letras. Fato é que Márcio é profícuo na sua produção. Diria que não para um instante. E é de uma simplicidade boa. Eis aí, talvez sua qualidade maior, frente ao pedantismo, que é um dos desvalores cultivados às pampas no meio onde ele vive.  

Carlos Drummond de Andrade, o tradutor

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Outro dia comentamos neste blog que a Cosac Naify iria trazer a lume uma face um tanto quanto inédita do poeta de (mais de) sete faces. Pois bem, saiu em nota no blog da editora a chamada de lançamento para  Poesia traduzida . Trata-se de uma antologia reunindo poemas de diversos poetas traduzidos pelo poeta maior. Júlio Castañon Guimarães, que é o organizador da obra, conta que, ainda na década de 1950, o próprio Carlos Drummond de Andrade havia chegado a pensar em reunir suas traduções de poesia numa edição em livro, mas, o que sabemos, não aconteceu. Sabemos também que seu trabalho como tradutor é notório. O poeta traduziu vários livros de prosa (como o A fugitiva , o sexto volume de Em busca do tempo perdido , de Proust), teatro e - conta Júlio - até um livro sobre pássaros. Segundo o organizador da edição, o trabalho de reunir as traduções dos poemas foi uma iniciativa de Augusto Massi. E os dois entraram nessa empreitada à cata dos materiais em jornais e revist

Lembrar a obra poética de Diva Cunha

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Por Pedro Fernandes Demorou, mas demorou o tempo necessário. Julho de 2011 era o mês adequado para que viesse online a terceira edição do caderno-revista 7faces . Sabemos, entretanto, que o mês foi ocupado com a programação de outro lançamento: o da edição especial sobre e poesia de José Saramago. Esta edição especial é que seria lançada em junho para que em julho a terceira pudesse enfim aparecer. Não deu. As ideias minhas vão aparecendo umas sucessivas às outras, como metástase. Foi quando soube do lançamento da primeira edição da Cruviana que me veio interesse de firmar parceria com seu organizador e fazermos uma sessão física e conjunta de lançamentos. Quem nos acompanha viu que deu mais que certo. Vieram a lume duas edições literárias de fôlego.  Impossibilitado de ocorrer lançamento em julho que seja estipulado, então, o mês seguinte para tal. Também não deu. Apesar dos trabalhos já irem um tanto quanto adiantados, agosto não nos daria o gosto de ver a terceira

Miacontear - O dono do cão do homem

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Antes de adentrar na narrativa de “O dono do cão do homem”, temos, obrigatoriamente, de reparar o jogo semântico elaborado a partir de seu título. O substantivo cão adquire uma dupla via de sentido no mínimo. Ao passo que sugere ser o cão aquele que tem um dono (o homem) sugere ser o homem aquele que tem um dono (o cão). Ao mesmo tempo, tomada esta sentença, pode se referir a uma vida difícil  (vida de cão) na posição do cão de domesticador do homem. E esse jogo de sentido dará conta do que propõe a narrativa.  Observando certamente a proliferação de mimos do homem para com os cães, mal notadamente do século: os cães como elemento que suprem a carência afetiva da qual padece o homem contemporâneo, cada vez mais isolado, vivendo mundos fechados à convivência em grupo, Mia Couto elabora um texto em que a posição de domesticação do animal é invertida e quem agora é domesticado é o homem em relação às criaturas de quatro patas.  Bonifácio é o nome do cão em questão. Caricato nome

Melancolia, de Lars Von Trier

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Por Pedro Fernandes Cena do prólogo de Melancolia . O filme de Von Trier se dá no cruzamento de duas histórias. O quase estaticismo dos movimentos das imagens no prólogo - são para o expectador como como sonhos, delírios, que resumem o que vem a seguir. O primeiro filme do diretor Lars Von Trier que tive oportunidade de assistir foi Dogville ; o filme que se apropriou da técnica cenográfica brechtiana e mostrou ao cinema uma forma outra de se fazer filmes conceituais. Agora, em 2011, tenho oportunidade de ver Melancolia . E assim como me surpreendi com aquela incorporação teatral no cinema, agora me surpreendo com a incorporação do lirismo poético para a sétima arte. Não apenas pelas sequências das cenas do prólogo. (Aliás, está aí outro elemento literário mostrado na produção de Von Trier: Melancolia retoma o que foi feito em Dogville , o recurso da divisão da película em prólogo e capítulos.) Mas pela composição inteira do filme – perfeitamente invadida de imagens q

Lançamento de "Ciclópico olho", de Horácio Costa

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Quando eu finalizava a edição especial do caderno-revista 7faces publicada em julho passado sobre e obra poética de José Saramago, me veio a ideia de organizar um encarte para acompanhar a revista. O encarte seria composto de um ensaio que escrevi a partir das notas de um curso que ministrei em Assu sobre José Saramago. E foi já no fim de elaboração deste encarte que me veio outra ideia: acrescer outras novidades ao material. É aí que entra um conto formatado por João Domingos de Brito e enviado ainda logo no período em que foi lançada a proposta de organização da edição especial. Como essa produção acabou sendo por metástase, junto com esse material entra também o interesse por contatar o professor Horácio Costa para uma entrevista. No foco, a obra poética de José Saramago. Não só porque esse era o tema central dessa edição do caderno-revista como também foi o professor quem primeiro atentou para a primeira parte da obra literária do Prêmio Nobel da Literatura, parte, aliás,

Ouvir “Os Lusíadas”

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Que Os Lusíadas é um dos pesadelos dos estudantes de Letras é fato. Não deveria ser, afinal, está fazendo um curso que lida, sobretudo, com leitura, as leituras “difíceis” ou “herméticas” deveriam se constituir em desafios como quaisquer outros que estudantes de outras áreas tenham de passar. Penso aqui, o que seria dos engenheiros ou dos médicos se não tivessem a amargura de estudar cálculo, para os do primeiro grupo, ou anatomia, por exemplo, para os do segundo grupo. Logo, me parece um certo vício ou por que não preguiça em deixar que o texto lhe vença e seja, antes de lido, taxado como inoportuno. Vou citar para efeito um meu masoquismo literário. A obra literária só me instiga quando se apresenta para mim como um desafio maior até do que a minha existência. Foi assim que adquiri fôlego para ler Os Lusíadas , Grande Sertão: Veredas , Dom Quixote , para ficar em três obras de grande desafio para os que querem lê-las. Foi assim que me decidi por estudar José Saramago. Já co

Miacontear - Enterro televisivo

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Por Pedro Fernandes Oh! Cride, fala prá mãe, que tudo que a antena captar, meu coração captura Titãs O tom da narrativa de “Enterro televisivo” retoma o daquelas histórias inusitadas que se passam muitas delas com algum vizinho de nossa rua. Aliás, a grande maioria dos contos de  O fio das missangas , apesar de serem histórias cujo cenário é Moçambique, os dramas incorporados pelas personagens de tais histórias são muito próximos dos dramas vividos em qualquer outro lugar mundo.  Nesta, de “Enterro televisivo”estamos no sepultamento do marido de Estrelua, que do nada grita pedindo um televisor. O que tinha em casa havia combinado com o coveiro e posto junto com o defunto no caixão. “Era um requisito de quem ficava, selando a vontade de quem estava indo.” Depois de o padre sossegar o alvoroço que se forma por causa desse pedido da velha novamente ela se “espreita” e começar a perguntar pela presença de desconhecidos - Bibito , Carmenzita - todas personagens de telenovelas.

Lançamento de "Charlene Flanders, que voava em seu guarda-chuva roxo", de Wilame Prado.

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O jornalista e escritor Wilame Prado. O livro que agora será lançado já foi um dia produção independente publicada na web sob o fomato de e-book. A edição em papel, entretanto, além de marcar um passo certamente importante na carreira do escritor, não é mesma. Vem ampliada O lançamento desse Charlene Flanders, que voava em seu guarda-chuva roxo é o primeiro título do jovem escritor de 25 anos Wilame Prado. Trata-se de um livro contos. 37 no total acompanhados de fotografias de Gustavo Wittich. Wilame é jornalista e escritor. Foi redator, repórter, produtor e ditor no Informativo Cocari e desde 2008 integra a lista de colunistas do caderno D+ do jornal O diário do Norte do Paraná , o que comprova seu acurado faro para a narrativa curta. O livro editado pela Multi Foco será apresentado aos leitores no dia 15 de setembro, às 20h, no salão social do SESC de Maringá dentro da programação da Semana Literária do SESC que tem início já no dia 12 de setembro, evento que reu

Transamérica, de Duncan Tucker

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Por Pedro Fernandes É longa a lista de filmes que já se dedicaram a relação entre pais e filhos. Transamérica não é para ser considerado mais um por duas razões: primeiro, talvez não seja esse o real tema nele explorado, entretanto, a forma como o tema é abordado e as personagens envolvidas no caso, e aqui reside a segunda razão, dão forma nova para a questão.  O longa de 2005 é uma produção independente do diretor e roteirista Duncan Tucker. É também seu trabalho de estréia. Trata-se de um filme simples, mas com um enredo impecável. Estão em cena apenas dois protagonistas: o transexual Sabrina Bree e um filho seu, descoberto às vésperas dela fazer sua cirurgia de mudança de sexo. É essa descoberta que fará Bree buscá-lo no reformatório em que se encontra preso, em Nova Iorque.  Seu intuito é se livrar do filho: entregá-lo à avó e ao pai adotivo sem que ele sequer suspeite de que Bree é, na verdade, Stanley Osbourne, seu verdadeiro pai. O desejo de Toby, é esse o no

Fecha-se um diário

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Por Pedro Fernandes Pintura de José Santa-Bárbara para Memorial do convento A coluna chamou-se Diário de bordo . O propósito dela não sei se chegou a ser atingido. Descobri com ela que sou - não pouco, mas muito - displicente com essa história de escrever sob encomenda e sobretudo sob obrigação. Posso mesmo afirmar com todas as letras que não sirvo para isso e que sou totalmente irresponsável. Talvez se algum dia vier a ter alguma coluna num jornal eu aprenda a lidar com isso. Mas, desde já, que fique claro: sofrerei um tanto. O nome diário acabou sendo aqui totalmente violado porque não foi uma escrita diária (e eu bem que alertei já no primeiro post da série) o que se fez durante o período em que estava escrevendo minha dissertação de mestrado. O resultado, entretanto, está pronto e, dentro em breve, espero que ele renda ainda mais. Defendido no último dia 16 de março, o texto, ora intitulado Retratos para a construção da identidade feminina na prosa de José Saramago se constitui

Sophia de Mello Breyner Andresen: quando começou a escrever e o que escreveu

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Sophia na casa da Travessa das Mónicas, 1964. Fotografia de Eduardo Gageiro. Fonte: Site Sophia de Mello Breyner Andresen da Bilioteca Nacional de Portugal. "Comecei a escrever numa noite de Primavera, uma incrível noite de vento leste e Junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter – nem podia desfazer-me em noite, fundir-me na noite. (...)" Este excerto é considerado o primeiro poema escrito da portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Foi encontrado no seu espólio quando entregue para a Biblioteca Nacional de Portugal. A poeta é um dos mais importantes nomes femininos para a literatura portuguesa contemporânea. De descendência dinamarquesa pelo lado paterno, Sophia nasceu na cidade do Porto, em 1919. E daí, parte para viver em Lisboa onde passa toda sua infância e adolescência. Na capital portuguesa veio cursar Filologia Clássica, curso que não chegou a findar; foi em Lisboa que também fixou residência depois do c

Novas atualizações n'Um caderno para Saramago

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Edição especial do  caderno-revista 7faces  dedicado à poesia de José Saramago Novas atualizações para Um caderno para Saramago .  No menu Sobre a Obra , Revistas , foi acrescentado atalho para a edição especial do caderno-revista 7faces . O número organizado pelo professor Pedro Fernandes foi lançado no mês de julho de 2011 e vem com ensaios de estudiosos do Brasil, da Argentina e de Portugal, todos em torno da obra poética de José Saramago. Na página de Citações que o leitor chega por através do menu Dispersos , foram acrescentados novos fragmentos de falas de José Saramago. No menu Galeria , Vídeos , o leitor encontrará um vídeo lançado esta semana no YouTube de uma edição do programa Sempre Um Papo feita com o escritor português em maio de 1999. Pela época, Saramago estava numa das muitas viagens que fez ao Brasil. Desta feita, para o lançamento da edição brasileira dos Cadernos de Lanzarote . Além, é claro, do menu Notícias , que está atualizado com as últim