A visão biblioteconômica do mundo
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdfPvLcFJdnZujmwz_nMjXCX2j08QTqW8O-5u96OFuAQs_jts3-XJ7hUhCR1LxAINCsmWFDYM5xlhWV_x6iQA20AgsU8E5wiluJnzHxQYue99Baj7Cp-l3rwg9NbBjeTvL4Ywsmnwh4fY/s1600/75_4_w1000h600.jpg)
Por Carlo Frabetti Em minha sombra, o oco breu com desvelo investigo, o báculo indeciso, eu, que me figurava o paraíso tendo uma biblioteca por modelo. Jorge Luis Borges, “Poema dos dons” Existem diferentes maneiras de ver o mundo e contar sua história. Algumas se excluem mutuamente, outras se ignoram e outras tantas se complementam; mas, por um motivo ou outro, todos elas merecem ser conhecidas. Uma delas é o que poderíamos chamar de visão biblioteconômica do mundo (VBM), segundo a qual o livro é o culminar de um processo evolutivo que começa com a matéria inanimada, se inflama com a vida e se ilumina com a consciência. E a luz da consciência é condensada na palavra (a carne se torna verbo), que por sua vez se cristaliza na escrita. O livro seria, portanto, epítome e emblema da consciência e sua continuidade. Pouco importa, para fins teóricos (embora muito para fins práticos), que o suporte de escrita seja a pedra, o papel ou o silício (novamente a ped