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Para uma pequena história (literária) do nariz

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Por Enrique Héctor González   Era um homem a um nariz pregado, Era um nariz superlativo, Era um nariz túnica, de escriba, Era um peixe espada muito barbado.   — Francisco de Quevedo, A um nariz¹   Ilustração: Julia Soboleva Reinos deste e de outros mundos foram perdidos por um nariz, esses vãos, essa pirâmide, esse obsequioso prisma triangular que emerge supurado do mar do rosto como uma vela perpétua. Asa alerta, vivamente visível em certos rostos regidos pela simetria, esmagada ignomínia dos boxeadores, pequeno beliscão ou salto sutil em belas mulheres de todos os estilos, o nariz é também um objeto literário que tem sido motivo tanto de perversa ridicularização quanto de sinuosa insinuação, já que o humor e o amor tendem a ser forças de substância idêntica e conjunta na prosa literária. A sua ascendência, neste sentido, é quilométrica e qualquer recontagem apressada apenas passará por cima de algumas referências em poemas e romances aleatórios que talvez sirvam para gerar, no melhor