O que teríamos feito sem Ursula K. Le Guin?
Por Laura Fernández Ursula K. Le Guin nunca quis ser escritora. Mas foi, sem mais delongas. “Não me lembro de ter feito outra coisa senão escrever”, respondia a qualquer pessoa interessada quando deu o passo definitivo. Desde criança, escrevia. Enviou seu primeiro conto para uma revista quando tinha 11 anos. Recebeu uma carta de recusa. Demorou mais dez anos para enviar qualquer outra coisa a qualquer lugar novamente. E o que conseguiu? Outra carta de rejeição. “Você escreve bem”, dizia a carta, “mas não sabemos exatamente o que você faz.” A época? Meados da década de 1950, quando ainda não existia uma ficção científica e literatura de fantasia que fosse considerada como tal. Na ficção científica reinava a chamada hard sci-fi , ou seja, aquela que tendia a dar detalhes técnicos, a justificar, em certo sentido, o papel da ciência numa época em que ainda ninguém confiava excessivamente nela, popularmente falando. No que diz respeito à Literatura com maiúsculas, esta era feita pelo ...