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Anna Akhmátova. Como congelar no inferno

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Por Antonio Lucas Anna Akhmátova foi uma dama altamente intoxicada de poesia e com uma fabulosa propensão para transitar pelas sendas consideradas proibidas de qualquer ditadura. Amou precocemente, escreveu furiosamente, levantou sua voz com todo desalento e morreu com gana de morrer depois de se hospedar em vários infernos. O comunismo teve entre suas sinistras apostas a de apagar a cultura por indomável, dissidente, suspeitosa. Akhmátova formou parte da melhor geração de poetas russos do século XX. Daquela tribo não restou de pé um só – Mandelstam, Marina Tsvietáieva, Essenin, Maiákovski... Nenhum. Um e outro foram caindo enquanto o stalinismo crescia como uma fatídica corte dos milagres. Anna Akhmátova nasceu em Odessa antes da União Soviética comover o mundo. Era 1889. No registro batizaram-na como Anna Andréievna Gorenko, filha uma distinta família de origem tártara. Pai engenheiro (Andrei) e mãe delicada (Inna). Um casamento que voou pelos ares e