Anna Akhmátova. Como congelar no inferno
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPGa6-H2OH9cnbPW8sPFDIy7T2gsTkGEA2XFi_f-8UlnwkVUUXttYFWlA77Adswc9koPUNkVy1ORhPtdv2SdIv0yMa_arsKjqqXjeUE2MSU-F0GFZZixhqG84bYfzAc9RdImdTgqPAk5c/s1600/Anna-Akhmatova.png)
Por Antonio Lucas Anna Akhmátova foi uma dama altamente intoxicada de poesia e com uma fabulosa propensão para transitar pelas sendas consideradas proibidas de qualquer ditadura. Amou precocemente, escreveu furiosamente, levantou sua voz com todo desalento e morreu com gana de morrer depois de se hospedar em vários infernos. O comunismo teve entre suas sinistras apostas a de apagar a cultura por indomável, dissidente, suspeitosa. Akhmátova formou parte da melhor geração de poetas russos do século XX. Daquela tribo não restou de pé um só – Mandelstam, Marina Tsvietáieva, Essenin, Maiákovski... Nenhum. Um e outro foram caindo enquanto o stalinismo crescia como uma fatídica corte dos milagres. Anna Akhmátova nasceu em Odessa antes da União Soviética comover o mundo. Era 1889. No registro batizaram-na como Anna Andréievna Gorenko, filha uma distinta família de origem tártara. Pai engenheiro (Andrei) e mãe delicada (Inna). Um casamento que voou pelos ares e