A vida como uma conversa entre amigos
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Por Cláudia Ayumi Enabe A conversa é uma estrutura nevrálgica para os romances de Sally Rooney. Em Pessoas normais (Companhia das Letras, 2021), os acontecimentos ganham significância na experiência de troca entre Marianne e Connell, em uma espécie de conversa ininterrupta que se estende pela vida dos personagens, tanto nos encontros quantos nos instantes de desencontros. Mais do que o diálogo, é a situação conversacional que costura o discurso a entrelaçar essas duas vidas. Isso significa não somente as palavras e as ideias, mas também as hesitações, os segredos, os não-ditos e as mentiras integram a conversação como uma complexa prática de linguagem, na qual os silêncios constituem a densidade desse instante de confluência com o outro. Em uma “conversa entre amigos”, a confissão é um risco, deliberado ou não, mas inevitável. Talvez a conversa entre amigos seja ainda o único espaço em que essa troca de experiências ainda se preserve, em um movimento também de profunda humanidade,