Pelos cem anos da poesia de Augusto dos Anjos
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Por Pedro Fernandes Capa da 1ª edição de Eu , de Augusto dos Anjos. Em 2012, a obra fecha um século de existência. A palavra para o poeta é material a ser instrumentalizado para a fundação de universos próprios – universos que correm ao lado do mundo comum, o enformam, conformam e deformam. Por isso, a palavra é sempre móvel e viva, ainda que pareça matéria inerte; inesgotável, ainda que pareça ter seu sentido cerrado num conceito em estado de dicionário; sempre livre, ainda que pareça matéria presa no papel. No caso de Augusto dos Anjos, a palavra adquire mobilidade, vivacidade, inesgotabilidade e liberdade da condição de oralidade e obtém a encenação e um tom vocal muito próprio. Não há como ler Eu – livro-enigma que fecha um século neste 2012 – sem que tenhamos na nossa frente uma boca deslocada do corpo que enuncia e encena a beleza verborrágica da palavra, toda ela pulsante e refigurada nos seus versos. Apropriar-se da leitura da poesia do paraibano é primeiro um exercício