Camus e o jogo aberto da existência
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Por Rafael Kafka Conheci Camus numa situação bem absurda (algo comum em suas obras): uma ex-namorada minha resolveu do nada me visitar. Saímos, sentamos num banco de uma praça e sobre a vida começamos a falar. Perguntei-lhe: – O que está a ler? – Isso aqui. Não sei se conheces. Ela e eu tivéramos uma relação bem complicada, como quase todas as relações ocorridas em minha vida o que me leva a crer que sou por demais complicado e altamente talentoso para prejudicar meus relacionamentos... Nessa relação, procurei sempre incentivá-la demais à leitura sempre indicando livros lidos por mim. Era uma época que eu estava mergulhado em Henry Miller, Dostoiévski, Nietzsche e Kafka. Sempre Kafka. Todos esses e mais alguns apresentei a ela, que me mostrou o livro o qual era seu objeto de leitura atual com um ar meio sem jeito. Creio que tanta influência em seu hábito de leitura ainda a constrangia. Ela era pouco despolarizada de mim e isso a incomodava. Suspeito de ter si