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Três guerras, três tempos: “Cândido”, “A cartuxa de Parma” e “14”

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Por Michele Soares “The Night Window”, de 1917 (2019, Dir. Sam Mendes) No começo de “O contador de histórias” 1 , Walter Benjamin parte do óbito da qualidade da experiência para escrever sobre a agonia e a morte do contador de histórias. O exemplo ao qual recorre está bastante próximo dele mesmo, Benjamin, que atravessou o tempo de uma guerra (a Primeira), para morrer, encurralado e suicidado, antes de assistir ao final da Segunda. Diante da disjunção entre experiência da guerra e arcabouço simbólico não reafirmado, os soldados — ao menos os que tiveram a sorte de voltar da guerra — teriam retornado mudos, sem ter como (ou por que) dar forma verbal ao que viveram nas trincheiras. Assim como Benjamin aponta que a morte do contador de histórias não é fato novo/contemporâneo, também podemos inferir que a pobreza da experiência pode ser anterior ao ano de 1914. Para fins de exercício, vamos estreitar o olhar em três romances, de três autores franceses, em atividade em três séculos diferent