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Mostrando postagens de setembro 16, 2011

Miacontear - O dono do cão do homem

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Antes de adentrar na narrativa desse conto, temos, obrigatoriamente, de reparar o jogo semântico elaborado a partir de seu título. O substantivo 'cão' adquire nesse "O dono do cão do homem" uma dupla via de sentido no minímo. Ao mesmo tempo em que pode se referir ao cão, o animal domesticado pelo homem também pode se referir a uma 'vida díficil' (vida de cão) cuja posição do cão é a de domesticador do homem. Isto é, ao passo que sugere ser o cão aquele que tem um dono (o homem) sugere ser o homem aquele que tem um dono (o cão). E esse jogo de sentido dará conta do que propõe a narrativa. Observando certamente a proliferação de mimos do homem para com os cães, mal notadamente do século: os cães como elemento que suprem a carência afetiva da qual padece o homem contemporâneo, cada vez mais isolado, vivendo mundos fechados à convivência em grupo, Mia Couto elabora esse conto em que a posição de domesticação do animal é invertida e quem agora é domestica