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Mostrando postagens de setembro, 2010

Primeiro romance escrito no Facebook

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Leif Peterson. É este o nome do autor que reivindica para si o fato de ter sido ele o primeiro a escrever uma obra inteiramente através do Facebook. Peterson respondeu a um desafio lançado por um amigo no Inverno de 2009:  redigir uma história com mil palavras sobre um homem que descobre um cartaz da Missing Person com o seu próprio rosto. Concluída a redação, Peterson publicou a história no Facebook a 10 de fevereiro desse ano para que os amigos virtuais pudessem lê-la. Mas aqueles que a leram disseram que a história não estava concluída; julgaram tratar-se apenas de um esboço, ou, no máximo, do começo de algum romance. E logo começaram a chover mensagens tentando saber o que se seguiria à matéria já publicada. Com o alento da demanda, Peterson decidiu desenvolver a história, a que chamou Missing e, ao longo dos quatro meses seguintes, cinco dias por semana, foi colocando novos desenvolvimentos no Facebook e acrescentando novos leitores à listagens de amizades virtuais.

Toque de colher poemas

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Carlos Gurgel, Carito, Civone Medeiros e Renata Mar do Projeto Toque de colher poemas. Fonte: Site do Jornal Tribuna do Norte Negando a relação de mão única entre os versos escritos e o leitor, o poeta Carlos Gurgel convidou um grupo de amigos para colherem seus poemas em gavetas, estantes, cadernos e traduzi-los com voz e sentimento, para o público que deseje ouvi-los. Nesta horta foram fecundadas as palavras de Carito, Civone, Renata Mar e o próprio Carlos Gurgel. A colheita acontece hoje (29), às 20h, no Espaço Cultural Buraco da Catita. O público vai ficar com os poemas autorais dos poetas convidados. Além do texto falado, o público poderá contar ainda com Petit das Virgens e Flávio Freitas, que tocaram fole e trompete. O grupo se reuniu há dois meses e vem ensaiando aquilo que eles nem chamam de sarau, nem de performance, nem de espetáculo. É simplesmente “um toque de colher poemas”. O repertório é dividido em três partes: “Inclassificáveis”, “Mesa Confessional” e “

M. A. S. H., de Robert Altman

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M. A. S. H.  é um filme de guerra que nem o combate nem os inimigos aparecem. Um único tiro é ouvido e tem como consequência a interrupção de uma partida de futebol. Tudo se passa no Hospital Cirúrgico Móvel do Exército (Mobile Army Surgical Hospital). Médicos se debatem entre os soldados feridos e a burocracia do exército, conversam e reclamam em tom de deboche, construindo sequências cômicas que, em princípio, fazem rir, mas que visa, sobretudo, a denunciar os absurdos da guerra (o filme é ambientado nos anos 1950, durante o conflito norte-americano com a Coréia, mas foi feito em tempos da Guerra do Vietnã). Como em muitos filmes de Robert Altman, o roteiro original acaba, na prática, dando origem a uma grande quantidade de improvisos que se organizam sem ordem aparente, fora de uma cronologia linear. Rompem-se desse modo as relações de causa e efeito habituais. As expectativas  quanto a mudanças significativas nas situações apresentadas diminuem. Os dias se sucedem, há ma

O que quer um escritor?

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Por Pedro Fernandes Já muitas vezes tenho me deparado com a ardilosa pergunta. E ela volta agora no trabalho de reflexão sobre a obra literária: trabalho que parece ser o de construir um conjunto de ideias  formadoras de uma obra e consequentemente do pensamento de um escritor. Já muitas vezes tenho respondido a mim mesmo e a quem me pergunta da real importância que se tem ler literatura, que o escritor e a literatura não querem nada. É verdade que essa resposta anarquista é forjada no calor de instaurar um problema na ordem da existência da arte e na ordem da nossa própria relação para com ela. Quando afirmo pela boca coletiva de que "nada" é a essência da querença do escritor e consequentemente da literatura, digo que o escritor e a literatura existem para desestabilizar ordens, instaurar paradigmas, resolvê-los é o que menos lhe interessa. Não existe o escritor para compactuar sempre com a ideia dominante. Existe para propor caminhos diferentes dos já trilhados. E

Drummond, a tradição e o talento individual: propósitos para Considerações do poema

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Por Pedro Fernandes Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseja por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Estas foram as palavras de quem por longa data, a vida inteira, para ser mais preciso, dedicou-se ao fazer poético, atividade que certamente, e os livros e a crítica estão aí para provar isso, ultrapassou o sentido da outra função que veio a exercer a vida inteira também, a de funcionário público. Estas palavras foram as de Drummond, poeta de alma e ofício. O que pretendo com estas suas palavras é o entendimento, ainda que breve, do poeta em diálogo para com a tradição e a constituição de seu talento no corpo desta tradição, entendendo que o poeta não figura em momento algum como instância deslocada do meio e das outras voze

Clarice Lispector

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Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo. (Clarice Lispector citada por Nadia Battella Gotlib, Clarice, uma vida que se conta ) ... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade. (Clarice Lispector, entrevista a Júlio Lerner, 1977) Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. (Clarice Lispector, A descoberta do mundo ) Clarice Lispector, 1961. Foto: Claudia Andujar Clarice Lispector nasceu em Tchelchenik, na Ucrânia, em 1920; chega ao Brasil com os pais e as duas irmãs aos dois meses de idade. A família se instala em Recife, capital de Pernamb

Diário de bordo

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Por Pedro Fernandes Michelangelo. A expulsão do paraíso . Detalhe da Capela Sistina Esta tela me leva a pensar o segundo capítulo de minha dissertação. Depois do gatilho oferecido pela tela Ceci n'est pa une pomme resolvi adotar, claro, porque lido com um objeto artístico, esse diálogo entre a reflexão teórico-crítica a partir de representações nas artes plásticas. Também lido com um tema cuja matéria serviu de maneira diversa a esse outro universo: figurações sobre o feminino. A reflexão sobre o par realidade::ficção  no intuito de conceber que tais modos não são gratuitos, mas produzidos com alguma intenção, ou ainda, que a literatura não é elemento apartado do mundo, findou com a leitura sobre a construção da personagem - desta, a feminina - na literatura de José Saramago. Aqui, um parêntesis: este estudo tem como núcleo os romances Memorial do convento  e Ensaio sobre a cegueira , mas não se perde numa leitura isolada desses textos. Centrais, tais narrativas são pontos

Fractais para uma leitura da constituição discursiva do romance Memorial do Convento, de José Saramago

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Por Pedro Fernandes O termo fractal  foi criado em 1975 por Benoît Mandelbort. A referência é de conceituar aqueles objetos cujo tamanho não se deixam caber nas definições tradicionais da geometria euclidiana. Esses objetos em suas partes separadas repetem padrões. Embora o termo não seja a questão, foi utilizado com esse sentido (conceitual) para a literatura de José Saramago, tendo em vista que, mesmo repetindo  padrões já determinados pela ciência da literatura, sua obra constitui expressão singular que analisada em conjunto demonstra-se fabricada  por elementos repetíveis : como por exemplo, seu estilo que atribuiu novas funções para o comportamento da sinalética narrativa.  Além disso, o conceito de fractal  é mesmo utilizado em algumas circunstâncias pela própria literatura desse escritor; veja-se o caso explícito do duplo em O homem duplicado  ou das caracterizações espaciais em Todos os nomes . Sobre o aspecto arquitetônico aproveito para recomendar o excelente e

Fargo, de Joel e Ethan Coen

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Em nenhum outro momento de sua carreira, o humor negro dos irmãos Joel e Ethan Coen atingiu tamanha excelência quanto no gelado Fargo , em que o equilíbrio entre o lado "sério" da dupla ( Gosto de Sangue , de 1984, Ajuste Final , de 1990) e o cômico ( Arizona Nunca Mais , de 1987, A Roda da Fortuna , de 1994) atinge solidez, sempre utilizando o fracasso como mote.  Fargo é uma pequena cidade do meio-oeste americano, no estado de Minnesota - região definida pelos cineastas como uma "Sibéria com restaurantes familiares". Um vendedor de carros usados (William H. Macy) contrata dois pilantras (Gaer Grimsrud e o hilário Steve Buscemi) para sequestrar sua esposa, pedir o resgate ao sogro milionário e, com isso, escapar da ruína financeira.  Por uma coincidência, acabam cruzando o caminho da grávida e impassível policial Marge Gunderson, interpretada com brilho por Frances McDormand, mulher de Joel.  A fórmula de sarcasmo dos irmãos é acumular um grande

A 18, encontro com José Saramago (III)

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Emanuel Krescenc Liška.  Caim Quando as tartarugas, que tinham sido as últimas, se afastavam, lentas e compenetradas como lhes está na natureza, deus chamou, Noé, Noé, por que não sais. Vindo do escuro interior da arca, caim apareceu no limiar da grande porta, Onde estão noé e os seus, perguntou o senhor, Por aí, mortos, respondeu caim, Mortos, como, mortos, porquê, Menos noé, que se afogou por sua livre vontade, aos outros matei-os eu, Como te atreveste, assassino, a contrariar o meu projecto, é assim que me agradeces ter-te poupado a vida quando mataste abel, perguntou o senhor, Teria de chegar o dia em que alguém de colocaria perante a tua verdadeira face, Então a nova humanidade que eu tinha anunciado, Houve uma, não haverá mais outra e ninguém dará pela falta, Caim és, e malvado, infame, matador do teu próprio irmão, Não tão malvado e infame como tu, lembra-te das crianças de sodoma. Houve um grande silêncio. Depois caim disse, Agora já podes matar-me, Não posso, palavra de deu

Um caderno para Saramago: página dois ou o projeto

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Por Pedro Fernandes O dia era 22 de junho de 2010. Publiquei uma post que dava contas de reunir num só lugar todas as publicações feitas aqui no Letras in.verso e re.verso cujo o foco é José Saramago ou sua obra. O que muitos leitores não sabiam é que na noite desse dia eu dava asas à confecção de um espaço cujo interesse residisse para além de uma homenagem ao escritor. Três meses depois ponho a ideia às vistas; ela esteve anunciada indiretamente por aqui há dias numa chamada que questionava o porquê que tanto este espaço falava sobre o escritor nas últimas semanas. Entrei e estou de corpo e alma num trabalho, cujo interesse é o de organização de todos os materiais de pesquisa que estejam ao meu alcance. Este espaço surge como uma forma de utilizar a web , para ampliar, ainda mais, os ecos de um dos maiores legados deixados ao patrimônio simbólico da humanidade. O trabalho inicial agora exposto trata-se de uma parte da exaustiva pesquisa que venho fazendo na rede sobre

Uma leitura de “Em alguma parte alguma”, de Ferreira Gullar

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Por Régis Bonvicino O novo livro de Ferreira Gullar traz 58 poemas, que se organizam como memória, não da vida, mas de suas leituras de certa poesia brasileira, sobretudo a dos anos 1950 para trás, vazadas de biografia que se lê, aqui e ali, nos textos. Essa memória de leituras se dispõe por meio de colagens de trechos reimaginados de poemas de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, do próprio Gullar, de traços típicos do concretismo e de anotações soltas, à la modernismo lato sensu. Há um serialismo livre, que desdobra poemas e temas, sem se caracterizar como dodecafônico (Arnold Schoenberg) ou integral (Pierre Boulez), ou seja, sem intenção de obra acabada, ao contrário, por exemplo, de Educação pela pedra  (1966), de Cabral. Há, nas peças, uma aparente recusa do discurso literário, que, entretanto, se resolve literariamente em um discurso literário, “poético”. Os textos se estruturam em orações subordinadas coloquiais, mas eruditas, pontuadas por vocábulos

Mário de Sá-Carneiro

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Mário de Sá-Carneiro. Esta foto, tirada em Paris, é uma das últimas conhecidas do poeta. “Não me perdi por ninguém: perdi-me por mim ” (Mário de Sá-Carneiro, carta a Fernando Pessoa) “O meu destino é outro - é alto e é raro. Unicamente custa muito caro: A tristeza de nunca sermos dois... ” (Mário de Sá-Carneiro,  “ Partida ”) Um dos nomes do modernismo português. Ofuscado como ficou todos os poetas da época dado a genialidade de Fernando Pessoa, é, entretanto, um poeta singular. Viveu intensamente todos os arroubos que a vida pôde lhe proporcionar. Não em sua plenitude, é verdade. Muito do que gostaria de ter vivido ficou sublimado. Tornou-se matéria de sua obra. Ou terá vivido à surdina. Nem todos os lugares do mundo têm olhos. E a vida de cada um pertence ao alcova da existência.  Mário de Sá-Carneiro, antes de tudo, foi se fazendo enigma. Genialmente, fez-se esfinge. Ou nunca saiu do labirinto que construiu para si e foi por ele tragado. E nunca terá existido para agradar a opi

Pedro Fernandes e a obra de José Saramago, Chico Buarque e Jorge Reis-Sá

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"Diagnósticos do presente em José Saramago, Chico Buarque e Jorge Reis-Sá" é o nome de um curso ministrado pelo pesquisador Pedro Fernandes, editor do blog Letras in.verso e re.verso , durante o  I Colóquio Nacional de Estudos Linguísticos e Literários realizado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia. É sabido que o mundo contemporâneo tem passado por movimentos diversos que encareceram os modos de existir dos sujeitos. A consolidação das primeiras marcas do que hoje entendemos como crise se dá pela soma de uma série de episódios desencadeados, sobretudo, com a Primeira Guerra Mundial. As transformações que este episódio em particular trouxe ao mundo moderno não se resumiu apenas à remodelagem das linhas espaciais do continente físico europeu ou as da história do homem no planeta, mas, feito rastilho de pólvora, tais transformações se alastraram e contaminaram, por assim dizer, o mundo todo, e tro

As Invasões Bárbaras, de Denys Arcand

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Às vezes parece que o cinema, por alguma razão inexplicável, move-se em direção a algum tema específico e vários títulos de uma mesma época abordam universos semelhantes.  É o que aconteceu com o fim do sonho socialista e dos ideais de uma geração, explorado quase simultaneamente em Os Sonhadores  (2003), de Bernardo Bertolucci, nos alemães  Adeus, Lênin!  (2003) e Edukators  (2005), e em As Invasões Bárbaras , do canadense Denys Arcand, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e do prêmio de Melhor Roteiro em Cannes. O tema não é novo na obra de Arcand, que sempre tratou de fortes posicionamentos políticos e morais. As Invasões Bárbaras é, na verdade, a continuação de outros de seus filmes, O Declínio do Império Americano  (1986). Lá, um grupo de professores universitários, debatia sobre sexo e comportamento, em um discurso que deixava clara a opinião do cineasta sobre a decadência dos valores regidos pelo capitalismo. Dezessete anos depois, eles se reúnem no l

Das metodologias

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Esta é a parte de um projeto de dissertação e de uma dissertação que, todos nós que enveredamos por essas ideias de academia, mais sofremos no momento da escrita. Ainda mais quando temos de justificar o óbvio e o ululante porque senão corre-se o risco de o trabalho nosso ser qualquer coisa, menos algo da ciência . Eu diria, para início de conversa, que todos manuais de fabricação caseira para textos acadêmicos (e olhe que lista é enorme) são falhos. E o acadêmico deveria começar já por aí a não depositar toda fé com eles. Alguns deles são totalmente cegos e mudos. E a função de muitos é criar protocolos de aproximação para com a materialidade de análise/leitura que, não rara vezes, castra os limites de amplidão do pesquisador. Cada trabalho acadêmico tem sim sua/s metodologia/s própria/s ainda que o princípio seja referendado por algumas das abordagens dispostas nos manuais; logo, a única certeza que possuímos é a de que os livros de metodologia devem ser reelaborados de acor

Sabor de amar, de Paulo de Tarso Correia de Melo

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Nota:  Recebi o contato sobre a apresentação do livro Sabor de amar , do escritor Paulo de Tarso Correia de Melo e, ao buscar mais informações sobre, encontrei com um texto assinado pela repórter Maria Betânia Monteiro publicado no caderno Viver , do jornal Tribuna do norte ; texto que reproduzo logo abaixo com um outro ajuste de revisão.   Tarso dispensa apresentações para os leitores, porque é um dos mais conceituados escritores do Rio Grande do Norte, com uma obra já consolidada. Falo pela boca do também poeta David Leite. Ao dizer isso, confesso minha ignorância de ainda não ter a oportunidade de ler sua obra. Apenas poemas esparsos que catei tão logo soube desse novo livro. Mas vindo isso da boca de um nome que desponta como um nome significativo para as letras do estado, com seu Incerto caminhar (l ivro este que tive o prazer de ler e comentá-lo aqui) não tenho dúvidas em repetir por minha voz o que disse David Leite. Aliás, é ele quem assina o prefácio desta nova edição que

20th century writers: making the connections

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É o nome de um programa desenvolvido pela The Open University britânica; é o espécime mais recente – e um dos mais elaborados, além de visualmente atraente – de um novo animal na floresta das conversas sobre literatura. Trata-se de uma espécie ainda sem nome, até onde sei, mas a falta não parece ser um problema, uma vez que quase todo dia nasce uma criatura nova. Enquanto não vem o batismo, poderíamos chamar o bicho de Brinquedo Literário-Digital. 20th century writers: making the connections (“Escritores do século 20: fazendo as conexões”) é um complexo infográfico que apresenta uma lista de autores britânicos sentados em círculo, como ao redor de uma távola redonda, e rabisca na tela a partir de cada um, a um clique do mouse, um emaranhado multicolorido de linhas que apontam temas comuns, relações de amizade ou inimizade, formação, gêneros que praticaram etc. A brincadeira pode ser acessada aqui . * Via Toda Prosa.

Par perfeito, de Robert Luketic

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Por Pedro Fernandes O casal enche os olhos deles e delas, mas o filme é muito ruim. Só mais uma história de amor. Básica. Jen (Katherine Heigl), conhece o homem perfeito, Spencer (Ashton Kutcher). Ele bonitão, educado e inteligente. O cenário em que se dá o encontro: Nice, paraíso francês. O que Jen não sabe é que Spencer ganha a vida como matador de aluguel. E se o sonho dele é escapar dessa vida sossegada e o dela sair dessa vida sossegada e, fazendo jus a máxima de que os opostos se atraem, eles findam se casando. O casamento dos sonhos até que em uma manhã, quando se dá início um roteiro de perseguição: o casal descobre que é alvo de um golpe milionário. O filme que parecia findar por aí com os pombinhos felizes, torna-se de num labirinto muito mal armado (é bom que se diga) em que a vida dos dois acaba por se transformar num jogo de vida ou morte. E finda aí. A nível de enredo não devemos negar que Robert Luketic ensaia bem sair da rotina das comédias românticas.

A alegria de Saramago

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Por Inês Pedrosa José Saramago em Lanzarote. Foto: Ulf Andersen/Getty Images. Fonte: Revista BRAVO! Uma das grandes qualidades de José Saramago — morto aos 87 anos em 18 de junho passado - era o de nunca ter sofrido daquela doença que o crítico americano Harold Bloom definia como "a angústia da influência". Vivia as obras alheias — de há quinhentos anos ou de hoje - com o genuíno orgulho de quem, acima de tudo, se identifica com a grandeza das coisas belas. Se sofria de alguma coisa, era da alegria da influência. Como diria o professor e escritor português Eduardo Prado Coelho, não tinha medo de gostar. Começo esta memória projetiva de Saramago sob o signo da alegria, porque estou cansada das recorrentes acusações de pessimismo que lhe foram sendo feitas. Muitas e muitas vezes lhe perguntavam porque se indignava tanto, porque fazia questão de futurar em negativo, quando a vida se mostrava tão afável com ele. Saramago respondia desabridamente a estas provocações,