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Mostrando postagens de março 11, 2021

Fragmentos completos, de Safo

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Por Pedro Fernandes O título estabelecido para o que se conhece da poesia sáfica aparece preso no centro de uma contradição. Se o fragmento é indiscutivelmente a incompletude, logo a designação de sua completude é uma aporia. Quando muito, a ilusão do alcance de uma totalidade. Agora, nem toda contradição ― é bom que se diga em tempos de falsas certezas e questionáveis absolutismos ― é negativa. E o caso em questão é um exemplo disso.   Restou pouquíssimo da lírica grega. Sabemos do valor imprescindível alcançado pela epopeia e pela tragédia ― e mesmo pela comédia ― das quais chegaram até nós dois vários textos que implicaram a formação de toda a literatura ocidental. Mas da lírica, originalmente feita para o canto acompanhado da lira ou algum instrumento similar, quase nada restou. Entre Alceu de Mitilene, Anacreonte, Álcman, Baquílides, Estesícoro, Íbico e Simônides, dois nomes se fizeram mais conhecidos e não pela vultuosidade dos materiais encontrados: Píndaro e Safo. Do primeiro,