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O último gozo do mundo, de Bernardo Carvalho

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Pedro Fernandes Bernardo Carvalho. Foto: Gabriela Biló.    Por vezes toda a maestria de um escritor — ou seria sua maturidade — consiste em salvar um livro de cair no precipício. É comum encontrarmos boas ideias perdidas para relatos mal ajambrados; o caso é sempre uma das recorrências maiores agora quando persiste certa posse febril por ser escritor e quando os consagrados como tal estão obrigados a trazer ao público um livro a cada ano e se possível tão inovador quanto o que lhe deu a permissão de figurar entre os nomes principais do sistema literário. A lógica escravocrata que se observa neste contexto é a mais recente dos contributos na sociedade do consumo e ameaça à própria literatura, circunscrita num tempo próprio.   Se é comum obras naufragarem pelo discurso da pressa ou mesmo por uma revisão desatenta — e isso acontece em proporções quase idênticas e nas melhores casas editoriais — é raro o contrário; isto é, uma obra que nasce condenada a não vingar mas alcança seu ritmo até