Epitáfios
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“Gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.” A sentença descarnada é de um narrador bem conhecido da literatura brasileira, Brás Cubas, o homem que, do interior da sua lápide fabula suas memórias; e, porque escritas do além-vida, póstumas. É possível que o fio irônico que a sustenta não deixe de oferecer uma razão muito própria e séria; há no epitáfio qualquer coisa desse interesse universal e humano pela eternidade. E se só dado a alguns, uma perduração do nosso egoísmo. A celebração do dia dos mortos parece ser um ato útil por duas razões: reencontrarmo-nos como a ideia de que nossa vida não é eterna e fazer manter viva a memória do morto, que será esta a única eternidade que dispomos. Se fosse dar vazão a estes dois motivos eles se ampliariam e teríamos aqui um texto semiacadêmico pensando sobre a questão. O que não é nossa intenção. Brás