Uma forma de saudade, de Carlos Drummond de Andrade
Por Pedro Fernandes Carlos Drummond de Andrade não alimentou o espírito narcisista – tentador e quase sempre o ar que sopra favorável à fogueira das vaidades de todo criador. O neto Pedro Augusto abre as notas reunidas em Uma forma de saudade com esta constatação ao recordar a opinião do avô acerca do trabalho do escritor em manter e tornar público seu dia-a-dia. Na opinião dele, a obra é suficiente para dizer sobre o autor e um diário, por exemplo, resultaria em objeto redundante, ou, ainda pior, puro exercício de exibição. Embora esta opinião do poeta de “No meio do caminho” tenha seu fundamento, ela é factível a diversos desenvolvimentos. Nela parece residir uma ideia segundo a qual os teóricos da literatura começaram por pensar a partir de uma negativa; na obra, haveria todas as marcas possíveis, ou quase isso, representativas de quem a escreveu, sendo impossível negar totalmente a presença do escritor na sua criação. Se, por vezes, Pedro encontra na obra do av