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Mostrando postagens de agosto 24, 2020

Jorge Luis Borges, o ser e o tempo

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Por Juan Arnau Navarro Jorge Luis Borges diante a Mesquita Azul, em Istambul. Foto: María Kodama Borges joga como uma divindade hindu. Entre a metáfora e o mito, o infinito. Move despreocupadamente suas asas no estúdio da rua Maipú e desencadeia um terremoto no Japão. Como num sonho, Borges é a borboleta, o tremor e as emoções que convoca. Mas ele sabe que não existe, por isso ri e se desdobra. Conhece o poder da alma para criar sua própria companhia. Há em seu pulso algo do espanto de quem viu as profundezas: o eterno retorno de ruínas circulares, a bagatela da personalidade, uma cópia de uma cópia (como diria Plotino). Ele é o cego que viu e por isso tem medo de espelhos. Mas ele não arranca os olhos para pensar, como o matemático, que sabe que a aparência é verdadeira. Há algo filosófico em sua atitude, embora, é claro, ele o negue. Ele é um simples amante de livros, de mitologias nórdicas, de certos sonhos que aconteceram na Babilônia ou no Ganges. Como um jogador,