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Marcas de uma terra queimada: notas sobre o Caderno de memórias coloniais de Isabela Figueiredo

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Por Flaviana Silva   Pertencer a algo é mais do que estar, é a ousada decisão de ser. A sensação que fica após concluir a leitura do Caderno de memórias coloniais de Isabela Figueiredo é de que as palavras da leitora serão apenas um leve ruído, nada traduz a experiência de sentir essa narrativa “em carne e osso”. A obra captura a atenção e traz consigo temas fortes e caros para a Literatura portuguesa contemporânea, a narradora é filha de colonos e enuncia a sua experiência como observadora da relação entre os portugueses e os pretos de Moçambique, o que narra é muito mais do que a mera descrição dos fatos, ela expõe as feridas escondidas do colonialismo e não se recusa a se colocar como questionadora do seu contexto. O que não pode ser ignorado é que a narrativa é um espelho que elucida experiências da vida de Isabela Figueiredo, o que não define a totalidade da experiência já que a própria criadora afirma que entre o pai da narradora e o seu, prefere ficar com a imagem do seu pai,