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O fim da verdade em Dostoiévski-trip, de Vladímir Sorókin

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Por Joaquim Serra Vladímir Sorókin. Foto: Anton Zemlyanoy Em Dostoiévski-trip , Vladímir Sorókin não pessoaliza nada. Nomeia personagens por gênero, classificando-os como se fossem números de série. A abertura da peça é realista, dialoga com temas atuais, mas, a todo o tempo, há em suas falas uma abertura para um subtexto, “Os tempos estão mudando para pior” (p. 7), diz um dos personagens. O Homem 2 é responsável por essa abertura; ele sentencia: “acreditar de olhos fechados. Em nosso tempo. Difícil e contraditório” (p. 9). Então a droga entra, e a “viagem” do título tem vida dupla para aqueles que usam. É então que as verdades sagradas de Mýchkin, personagem de Dostoiévski inspirado na vida de Cristo e na inocência de um Dom Quixote, são realçadas de um outro ponto de vista. Há uma ironia a cada vez que um personagem evoca um escritor. A droga, que tem nome de escritores – assim como os apelidos que muitas drogas têm –, ganha dupla potência: quando falam dos escritores, os personagen