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Mostrando postagens de outubro, 2020

Boletim Letras 360º #399

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DO EDITOR   1. Saudações, caro leitor! Coincidiu desta edição do Boletim Letras 360º cair numa data especial demais para a literatura brasileira ― hoje é Dia D. Foi neste 31 de outubro, em 1902, que nasceu Carlos Drummond de Andrade. Desde 2011, esta data ficou marcada no nosso calendário cultural, numa iniciativa do Instituto Moreira Salles, como um dia celebrativo sobre o nosso poeta maior. 2. Além do Dia D, celebramos nesta data o Dia Nacional da Poesia! Pois, façamos de hoje com tantos encontros especiais um momento para lermos e inundar nossos mais próximos com poesia. Estamos muito precisados nesses tempos difíceis que correm.   3. Abaixo copiamos as notícias divulgadas durante a semana em nossa página no Facebook. E, claro, as seções correntes com dicas de leitura para alguns títulos da nossa literatura. Obrigado pela companhia por aqui e noutros canais do blog. Boas leituras! J. M. Coetzee. Foto: Ulla Montan   LANÇAMENTOS   Duas coletâneas com ensaios inéditos de J. M. Coetzee

Juan Rulfo, literatura e sobrevivência

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  Por Roberto García Bonilla Juan Rulfo. Foto: Daisy Ascher.   Juan Rulfo estava prestes a completar trinta e oito anos quando Pedro Páramo foi publicado. Entre a publicação de seu romance e a morte de seu autor, passaram-se mais de três décadas que viram crescer o prestígio do escritor; seu romance e as histórias reunidas em Chão em chamas (1953) foram traduzidos para mais de cinquenta línguas e as tiragens em espanhol foram reproduzidas por centenas de milhares. Com a idade de dezessete anos, o escritor abraçou sua liberdade e começou seu trabalho literário. Ele assimilou os conflitos da fé e uma espinhosa disciplina formativa que alimentava do confinamento no orfanato e no seminário (1927-1934). Sua vocação surgiu e um de seus germes foi o assassinato de seu pai quando o futuro escritor tinha seis anos. A crise da perda se acentuou quatro anos depois com a morte da mãe. A criança mergulhou e elaborou o duelo entre os livros da casa mãe de São Gabriel onde estava a biblioteca de se

Ingênuo. Super, de Erlend Loe

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Por Pedro Fernandes Erlend Loe. Foto: Adrian Nielsen Este romance reúne todo o despretenciosismo do sujeito trivial. Passado o seu aniversário de vinte e cinco anos, o narrador toma uma série de decisões quando recebe a proposta do irmão para que fique responsável por seu apartamento enquanto viaja a negócios aos Estados Unidos ― informações estas demonstradas como parte das pequenas descobertas por ele operadas. A personagem tranca o mestrado, desfaz o vínculo de colaborador com o pequeno jornal da cidade, recolhe seus poucos pertences e se entrega, pelo tempo de ausência do irmão, ao ócio total. Apesar da narrativa variar entre volições psicológicas e ações manifestadas no presente contínuo, as características recorrentes na metaficção, quais sejam o registro pessoal do narrador sobre uma consciência do que se narra ou as decisões tomadas nas escolhas da narração, por exemplo, não se demonstram de fora da tessitura do que se conta, mas no próprio movimento e desenvolvimento das situa

O ano da morte de Ricardo Reis, de João Botelho

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    Por Pedro Fernandes   É muito provável que quando se anuncia a realização de um filme a partir de uma obra literária de estima, logo cresça entre os leitores futuros espectadores um interesse por encontrar com o produto final. Esse impulso, obviamente, não deixa de acomodar no seu interior, ou talvez derive daí, o embate nunca superado de estabelecer comparativos entre o livro e a peça de filmografia ― ainda que se repita, uma e outra são obras distintas. Isso obviamente não poupa a leitura de João Botelho para este que é um dos romances mais importantes da significativa obra de José Saramago e não importa que o diretor português tenha no seu currículo recente obras ousadas como Filme do desassossego e Peregrinação , outros projetos cuja gênese remetem para outros dois títulos da literatura portuguesa ― o primeiro, do livro de Bernardo Soares / Fernando Pessoa e o segundo, do livro de Fernão Mendes Pinto.   Entre um caso e outro existiu ainda a adaptação de Os Maias , de Eça de Q